Mantenha um olfato ativo no incubatório

Desde uma visita realizada em um pequeno incubatório na Ásia para falar sobre a mudança da incubação de múltiplo estágio para estágio único que já estava acontecendo, eu percebi que é importante estar com 'o olfato sempre ativo' mesmo antes de entrar no incubatório. Ao abrir a porta do carro, um forte cheiro de ovos 'bombas' foi imediatamente identificado. Então, depois de tomar o banho obrigatório, fui direto para a área de chegada de ovos para identificar a causa implícita daquele mau odor. Porém, lá encontrei o oposto do que eu esperava: ovos aparentemente em boas condições e limpos. Então, qual era a causa daquele cheiro desagradável?

Na sala de armazenamento de ovos, a temperatura estava adequada (18 ° C), mas a umidade relativa era extremamente alta (93% de umidade relativa). Considerando isso, notei imediatamente que o chão estava muito pegajoso e que os ovos estavam "grudentos e brilhantes". O gerente do incubatório apontou para uma lata pendurada sob o resfriador ambiental e explicou que eles começaram a fazer uma nebulização três vezes ao dia com uma solução de quaternário de amônia para reduzir a incidência de explosão de ovos. No entanto, ele informou que esse procedimento não havia ajudado – na verdade as coisas pareciam ter piorado, e a eclosão havia caído! Ele explicou que uma das razões pelas quais ele queria mudar para a incubação de estágio único era porque ele não estava conseguindo limpar toda a sujeira causada pela explosão de ovos dentro das incubadoras. Embora eu tenha concordado que essa é uma desvantagem da incubação de múltiplo estágio, eu o alertei que a simples mudança para o estágio único não iria eliminar a real causa dos ovos bombas.

Primeiramente eu aconselhei o gerente a parar imediatamente a nebulização com quaternários, pois a camada grudenta e brilhosa formada na superfície dos ovos bloqueia os seus poros, o que dificulta a troca de gases e reduz a perda de peso dos ovos. Precisávamos descobrir como e onde os ovos estavam sendo contaminados com bactérias como Pseudomonas. Começamos fazendo ovoscopia em uma amostragem aleatória de bandejas de incubação para verificar se haviam micro trincas nos ovos, pois elas podem formar uma porta de entrada para bactérias, mas não encontramos quase nenhuma.

Em seguida, abordamos a questão crucial: existe algum ponto entre a granja de matrizes e a sala de incubação onde os ovos ficam úmidos? Quando isso ocorre, as bactérias podem entrar nos ovos, pois a água atua como meio de transporte facilitando a penetração bacteriana. O gerente admitiu perceber que, durante a descarga do caminhão no incubatório, os ovos geralmente pareciam estar úmidos, mas ele nunca deu muita atenção a isso, pois os ovos logo secavam. De fato, os ovos costumavam ser mantidos durante toda a noite na granja de matrizes em um ambiente refrigerado entre 17 e 18 ° C e eram carregados no caminhão somente no final da manhã do dia seguinte, quando a temperatura externa já estava alta. Combinado a isso, a alta umidade relativa ambiental, explicaria o porquê de estar ocorrendo condensação na casca dos ovos, geralmente identificada como ‘ovos suados’. A minha sugestão foi aumentar a temperatura no armazém da granja de matrizes para 21 ° C, e realizar a coleta dos ovos no início da manhã, enquanto ainda estava frio.

Alguns meses depois, o gerente me enviou um e-mail relatando que, desde que essas medidas foram tomadas, o número de ovos “bombas” havia diminuído drasticamente. Ele também havia iniciado com as suas incubadoras de estágio único, e comentou que estava muito satisfeito com os resultados de eclodibilidade e qualidade dos pintinhos produzidos.