Os pintos fazem o seu próprio “pico de umidade”

24/09/2013

Os pintos fazem o seu próprio “pico de umidade”

Durante um seminário ocorrido no Brasil antes das férias, um dos participantes me perguntou a respeito da ordem de importância entre os três fatores temperatura, umidade e ventilação, com o objetivo de otimizar a incubação.

Eu respondi que todos os três fatores são relevantes, mas que enquanto uma grande atenção tradicionalmente é dada para a temperatura, a importância da umidade é algumas vezes esquecida.

A pergunta me fez lembrar de uma viagem ao Leste Europeu, onde as maiores melhorias foram alcançadas através de mudanças no manejo da umidade. Lá eu visitei alguns clientes antigos, com máquinas adquiridas há alguns anos atrás, e, portanto sem as mais recentes inovações dos nossos sistemas de incubação.

A primeira vista, os pintos pareciam bons dentro das bandejas de incubação. Mas ao apalpar suas “barrigas”, eu os senti um tanto “balofos”, e com os umbigos não adequadamente fechados. Os pintos também pareciam estar um tanto inativos – e com uma observação mais criteriosa. Eu observei que muitos estavam com as patas vermelhas, o que era resultado da dificuldade em se movimentar ao redor dos ovos abertos e suas cascas devido ao seu volume abdominal. Uma quebra dos ovos não eclodidos, revelou uma alta mortalidade tardia, causada por  “afogados embriões”.

Inicialmente eu pensei que a causa talvez fosse a perda insuficiente de peso. Mas investigando mais profundamente, a principal causa era o set point da umidade dos nascedouros após a transferência. Ajustados com uma umidade relativa de 80% (= a aproximadamente  92°F WB), os umidificadores dos nascedouros chegavam a esse nível sem problema algum. O gerente do incubatório explicou que fez isso para evitar os alarmes de alta umidade durante a eclosão, e para evitar que as membranas se tornassem secas demais e rígidas após o início da bicagem externa.

Eu expliquei que  melhores resultados podem ser esperados se for mantido o set point da umidade relativa após a transferência de forma similar aos set points das incubadoras. A medida que os pintos começam a bicagem, a umidade relativa aumenta espontaneamente, e por definição, é exatamente este o momento certo, para que ocorra a remoção  mais rápida da água de dentro dos ovos através da evaporação - mas de uma forma em que o nascedouro não fique super ventilado.

Isto mantém as membranas macias e flexíveis evitando que os pintos fiquem  grudados dentro dos ovos. O alarme da umidade alta pode ser evitado pelo simples aumento da umidade relativa até 60%, após a umidade natural ter ultrapassado este nível.

Algumas semanas após a minha visita, o nosso agente me comunicou que o cliente estava muito feliz e surpreso com o aumento da eclodibilidade e que a qualidade do pinto havia melhorado muito. Além disso, a mortalidade da primeira semana nas granjas havia reduzido drasticamente.

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Gerd de Lange, Especialista Sênior em Aves