Manejando os Ovos Incubáveis com cuidado para garantir a lucratividade

01/01/2013

Manejando os Ovos Incubáveis com cuidado para garantir a lucratividade

Preparando-me  para participar de uma exposição agrícola no Oriente Médio recentemente, eu  fui convidado a visitar uma grande integradora avícola local. No encontro no escritório da empresa na cidade, o diretor da empresa me disse que o incubatório estava operando com máquinas antigas. Os ovos incubáveis eram produzidos em granjas próprias de matrizes, que estavam todas trabalhando bem, mas o incubatório não estava indo tão bem. Foi explicado que a mortalidade embrionária precoce era o maior problema chegando a passar dos 20% dos ovos incubados.

O diretor então me solicitou que eu desse uma olhada no incubatório para detectar qual era exatamente a causa deste problema – e como este caso me interessou, eu não precisei ser persuadido. Nós combinamos que após a minha visita ao incubatório nós nos encontraríamos depois na semana da exposição, onde eu iria informá-lo sobre os meus achados

O incubatório estava um pouco distante da cidade, mas com um bom ar condicionado, foi um trajeto muito agradável. Após uma hora ou mais o motorista anunciou “nós estamos próximos” enquanto deixávamos a estrada principal e seguíamos por uma estrada de cascalho em direção ao deserto. Esta estrada tinha uma aparência  semelhante a uma  “tábua para lavar roupa”, causando movimentos  muito irregulares para cima e para baixo no carro – o que me causou um desconforto interno. Pensando nas palavras do diretor, eu fiquei pensando se havia descoberto a causa da baixa performance do incubatório mesmo antes de entrar no incubatório! A maneira mais rápida para danificar um ovo incubável é sacudi-lo rapidamente por uma ou duas vezes, segurando  ele entre os dedos indicador e polegar.

No incubatório eu fui recebido pelo gerente do incubatório, que me levou diretamente para a sala de manejo dos pintos, onde o processo de saque estava acontecendo. Eu pedi a ele que separasse algumas bandejas de nascimento com os ovos não nascidos. A qualidade dos pintos parecia boa e baseado na amostragem aleatória do lote que estava sendo trabalhada, ovos de um lote de matriz de 42 semanas de idade, eu encontrei  pelo PasgarScore uma média de 9, o que confirmou a minha primeira impressão. Enquanto contava os ovos não eclodidos nas bandejas que foram separadas para mim, o gerente do incubatório me explicou que a ovoscopia era feita somente em uma amostragem e que estes ovos não haviam passado pela ovoscopia. Eu cheguei a uma média de 40 ovos não eclodidos sobre os 150 incubados por bandeja (27%) e a quebra de ovos nos revelou somente 8 ovos com mortalidade embrionária tardia e 2 ovos virados. A fertilidade estava boa; a maioria dos ovos mostraram sinais de mortalidade precoce com disco grande disco germinativo esbranquiçado e em alguns casos um anel de sangue e um ocasional embrião já com olhos. O gerente do incubatório disse que  estes achados eram compatíveis com os resultados observados na ovoscopia.

Estava aumentando a minha crença que o problema não estava situado no incubatório, pelo menos não nas incubadoras e nascedouros. Eu sugeri que seguíssemos o trajeto dos ovos desde o momento que eles chegam ao incubatório até  o carregamento na incubadora.  Duas vezes por semana, cartelas  cheia de ovos e embaladas em caixas de papelão eram transportados das granjas de matrizes em caminhões climatizados. Na chagada ao incubatório, eles eram selecionados e colocados nas bandejas de incubação. Eu observei esta atividade por um tempo e conclui que uma média de 3-4 ovos por bandeja de incubação de 150 ovos tinham de ser removidos devido a trincas visíveis: aproximadamente 2,5%. Após isso os ovos eram posicionados na sala de estoque de ovos. Uma quebra de ovos na sala de estoque de seis ovos de diferentes lotes revelou um ovo com um grande disco germinativo, indicando que um avançado desenvolvimento embrionário havia iniciado já na granja de matriz. Eu pedi para que o gerente do incubatório descrevesse o procedimento de fumigação e este estava correto. Contudo, eu retirei um fio de cabelo meu enquanto o gerente ligava a circulação de ar e não detectei nenhum movimento de ar.  Um técnico foi chamado para investigar, e descobrimos que os pólos estavam erroneamente conectados, fazendo que o ventilador sugasse o ar ao invés de soprá-lo. Isto pode provar uma má distribuição do formol – e eu observei também que a abertura para o ar fresco era muito pequena, causando um prolongado tempo de exposição ao formol, o que poderia exceder o tempo máximo recomendado de 20 minutos.

Para concluir a minha investigação, eu fiz uma breve visita a uma granja de matriz, localizada a 40 km do incubatório, para avaliar o procedimento de manejo dos ovos.  Os galpões de matrizes eram equipados com ninhos de 2 níveis que estavam limpos, com uma baixa incidência de ovos de piso. Durante a minha visita, os ninhos do nível mais baixo estavam muito cheios com uma média de 6-8 ovos, enquanto que os ninhos de cima estavam praticamente vazios. Era muito difícil para as galinhas acessarem os ninhos superiores,  já que a maioria dos poleiros  estavam quebrados ou faltando. 

No centro da sala de manejo dos ovos, eu vi como os trabalhadores embalavam as pilhas de cartelas nas caixas de papelão.

Mas a maior surpresa  estava esperando por mim quando eu olhei o estoque da granja. Aqui, eu pisei em cerca de 10 cm de água e encontrei caixas de ovos empilhadas muito próximas a parede sobre este piso. A água estava somente a alguns centímetros da base da caixa mais baixa – e estas caixas estavam sendo comprimidas pelo peso das caixas que estavam acima. Eu pedi permissão para abrir algumas caixas que haviam sido colocadas lá de manhã cedo – e enquanto eu procedia a abertura eu senti um bafo morno na minha face. Obviamente os ovos foram colocados dentro das caixas antes de terem sido suficientemente refrigerados, causando o desenvolvimento de embriões em seguida. 

Após  isso, durante a exposição, eu divide as minhas observações com o diretor da empresa, explicando a ele que o gerente do incubatório e seu staff estavam fazendo um grande trabalho com os ovos recebidos. O real problema estava no manejo dos ovos da granja de matrizes até a incubadora.

Com  melhorias no manejo dos ovos, eu alertei, seria possível esperar um aumento da eclodibilidade de 5%, enquanto ao mesmo tempo se reduzindo a incidência de  microtrincas de 2 a 0,5%.  Com o preço do pinto no valor  de   € 0.25 e o preço do ovo incubável de  € 0.15  para os seus 80 milhões de ovos por ano de operação, isto gera a seguinte previsão:

+ 5% eclodibilidade = 0.05 x 80 milhões x € 0.25 = € 1 milhão
- 2% micro trincas = 0.02 x 80 milhões x € 0.15 = € 240,000

Concordamos que isto representa um aumento substancial para a lucratividade  do incubatório – e mais do que justifica os investimentos em melhorias necessários para a estrada de acesso ao incubatório.

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Martin Barten, Especialista em Incubação Sênior