O verdadeiro custo do frio para os pintos

01/01/2013

O verdadeiro custo do frio para os pintos

Há um tempo atrás,eu visitei  um incubatório de frango de corte na Europa ocidental. O gerente do incubatório estava tendo uma séria discussão com um dos seus clientes, que estava tendo uma alta mortalidade na primeira semana nos pintos entregues deste incubatório. Na opinião dos granjeiros, a causa da mortalidade – seguidamente alta em torno de 3-4% -  devia estar no incubatório, já que eles estavam provendo as melhores condições para os frangos, especialmente na primeira semana de vida.

De fato, os registros do ambiente dos galpões de frango pareciam bons. Ração e água eram fornecidos por um mesmo sistema automatizado.

Contudo, as taxas de mortalidade de outros granjeiros que receberam pintos dos mesmos lotes de matrizes estavam abaixo da média, usualmente ficando abaixo de 1%. Isto criou um pequeno conflito com o granjeiro que apresentou as perdas. E como a contínua discussão parecia não chegar a uma solução, eu ofereci ajudá-lo a encontrar o que estava de errado.

Eu comecei pelo dia de nascimento, monitorando de perto a qualidade do pinto e processo de saque, observando os pintos na sala de expedição e registrando o clima dos ambientes. Tudo estava parecendo estar dentro dos limites aceitáveis. Então, na sequência, eu me uni aos pintos dentro do caminhão durante o transporte para a granja. O clima aparentemente satisfatório dentro do caminhão foi registrado como de costume durante o tempo de viagem e com a temperatura se mantendo ao redor dos 250C. Na chegada na granja, eu observei o descarregamento dos pintos, juntamente com o granjeiro e sua esposa e um funcionário da granja.

A primeira vista, o galpão aviário parecia bom: o piso estava igualmente coberto com 2-3 cm de maravalha bem distribuída; o fornecimento de ração e água estavam ajustados na altura correta e a intensidade e distribuição da luz estava adequada.  A medição de temperatura do galpão era de 340C. Contudo, eu também notei que o sensor da temperatura estava posicionado a aproximadamente 1.3metros do piso.

Suspeitando que um piso frio pudesse ser a razão para o aumento da mortalidade da primeira semana, eu posicionei um pinto com seus pés nas costas da minha mão – e de fato suas patas estavam geladas. A esposa do granjeiro confirmou a minha observação colocando as patinhas de um pinto contra o seu rosto.

Quando os registros foram tomados diretamente do piso, nós observamos uma temperatura de 250C, a qual é definitivamente muito baixa para pintos de 1 dia.

Após a eclosão, o sistema termorregulatório não está ainda totalmente maduro, o que significa que eles tem muito pouca habilidade  para regular a própria temperatura corporal durante os primeiros 7-10 dias de vida. Consequentemente, a temperatura ambiental tem um enorme impacto na temperatura corporal do pinto, que acaba sendo reduzida conforme o ambiente. Isto custa a energia vital do pinto – e irá impactar tanto na saúde como no crescimento dos pintos. A mortalidade então ocorre como resultado de vários problemas de saúde, predominando a onfalite, a desidratação ou a desnutrição.

Portanto, baseado nesta evidência prática – o granjeiro concordou em aumentar a temperatura do piso através de um pré-aquecimento do galpão por 36-48 horas antes da chegada dos pintos. Os pintos sentem o frio do piso através de todo o seu corpo. E como  os pintos estão em constante contato com o piso, a temperatura do piso é na realidade mais crítica para a temperatura corporal do pintos que a temperatura do ar. O pré-aquecimento do galpão é portanto de vital importância, especialmente em locais com clima frio. Pode ser de grande utilidade pré-aquecer o aviário com a cama, ainda não distribuída dentro do galpão. Isto irá garantir que o concreto esteja morno antes da cama ser distribuída sobre o piso. 

Também posicionar o termômetro sobre a cama, ou utilizar um termômetro de contato infra-vermelho, irá determinar com maior precisão a temperatura do piso, que deve estar entre 28-300C. Observar o comportamento dos pintos, especialmente durante a primeira semana, diz muito sobre o seu  nível de conforto. Se os pintos se amontoam e permanecem deitados no piso, a temperatura do galpão deve ser aumentada. Simplesmente sentir a temperatura das patas irá indicar imediatamente se eles estão passando frio. Ao contrário, se eles estiverem muito afastados da fonte de aquecimento e parecerem estar agitados, eles provavelmente estão passando calor.

Felizmente para esta granjeiro – e para a continuidade deste relacionamento com o incubatório – após começar a fazer o pré-aquecimento do galpão, os problemas de mortalidade na primeira semana desapareceram, com a mortalidade caindo para cerca de 0,4% na primeira emana.

O custo de uma  baixa temperatura na fase de crescimento tanto para o criador como para a empresa são tremendos: 4% de mortalidade é mais do que 3%  acima do limite máximo aceitável para a mortalidade da primeira semana. Além disso, e provavelmente mais importante, é que os pintos sobreviventes a “friagem” irão crescer de forma ineficiente. E isto irá custar muito mais caro.

Vamos assumir uma queda de 4 pontos do FCR e um peso de abate de 2,2Kg. Se esta queda puder ser evitada através da criação de condições apropriadas na fase de crescimento, 88g de ração por frango serão economizadas. Com um galpão de 30.000 frangos, isto equivale a  30,000 aves x 88g = 2,640kg  de ração. Para uma granja com 7 ciclos de produção, isto representa 7 x 2,640 = 18,480 kg de ração economizada por ano. Se nós também levarmos em conta os efeitos adversos de uma prática deficiente na fase de crescimento na uniformidade do frango – e as perdas por condenação irão deixar a empresa fora da meta de peso desejado – não é difícil de visualizar como estes efeitos facilmente justificam os custos adicionais decorrentes do pré-aquecimento.

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Martin Barten, Especialista em Incubação Sênior