Programando os pintos para um saque perfeito

01/01/2013

Programando os pintos para um saque perfeito

Há alguns meses atrás, eu visitei um novo cliente na América Latina que havia recentemente trocado a incubação de estágio múltiplo pelo estágio único. Uma semana antes da minha chegada, o gerente do incubatório me informou que havia programado os set points que eu havia recomendado para o início, levando em consideração os requerimentos específicos da linhagem, ele estava muito satisfeito com os resultados alcançados pelo incubatório.

A eclodibilidade estava 3% melhor que antes, apesar de parecer ter havido uma maior incidência de mortalidade na primeira semana dos pintos de estágio único nas granjas, quando comparados com os pintos de múltiplo estágio. Ele também me informou que o peso dos pintos parecia maior, 71% do peso do ovo de origem – e agora ele estava experimentando uma redução nos set points da umidade relativa na incubadora.

Tão logo eu cheguei ao incubatório, no final da tarde, eu fui levado para uma granja de frango de corte onde estavam alojados  pintos de um dia e meio.

No galpão com os pintos de incubadoras de múltiplo estágio, eu verifiquei pintos exageradamente ativos, correndo em círculos em grupos. Isto, explicou o granjeiro, era considerado normal. Ele reclamou que em comparação, os pintos das incubadoras de estágio único do segundo galpão apresentavam-se mais devagar e inativos. Eu entendi o seu raciocínio: ele tinha recebido pintos hiper-ativos  por muitos anos,  para este incubatório – isto representava o comportamento normal para os pintos.

Contudo, eu expliquei para ele que este tipo de “hiper-atividade” estava na verdade relacionada à experiência de estresse calórico dos  embriões  durante  os   últimos  dias  de   incubação  –  e  que  este     comportamento não iria contribuir positivamente para os resultados produtivos da granja de frango de corte.

No segundo galpão com estágio único, eu observei pintos tanto descansando como bebendo água nos nipples. Isto, eu expliquei, era o comportamento desejado ao invés dos pintos hiper-ativos que vimos no primeiro galpão. Contudo, mesmo entre estes pintos de estágio único com um di e meio, a mortalidade já era maior do que 1,65% e o granjeiro estava esperando que ela continuasse a subir chegando a 2,5-3%  no quarto ou quinto dia. Manipulando uma boa amostragem destes pintos, eu observei que vários estavam com os umbigos abertos. Algo estava obviamente errado no incubatório, já que  todos os outros fatores que pudessem explicar a diferença entre os dois galpões eram basicamente os mesmos.

Naquela noite durante o jantar, nós falamos sobre pintos é claro. O gerente do incubatório me contou mais sobre o que ele havia feito no incubatório. A rotina de múltiplo estágio era incubar os ovos as 5 da manhã, sacando os pintos 3 semanas depois as 3 horas da madrugada: uma incubação de 502 horas. Este saque mais cedo, ele explicou era para garantir que os pintos estivessem prontos para o transporte durante as horas frescas da manhã.

Desde a mudança para o estágio único, o incubatório seguiu a mesma rotina. Contudo, as incubadoras, iniciavam sete horas mais cedo com o programa de pré-aquecimento. Quando eu perguntei como os pintos do estágio único se apresentavam no momento em que os nascedouros eram abertos, ele admitiu que de fato, alguns pintos ainda estavam molhados.

Eu expliquei que as 502 horas de incubação é um tempo aceitável para incubação de estágio múltiplo, onde os primeiros pintos eclodem mais cedo e a janela de nascimento é muito mais larga – e o atraso do saque dos pintos provoca a desidratação dos primeiros pintos eclodidos.

Na incubação de estágio único, a janela de nascimento é mais estreita (12-24 horas) – especialmente após o correto pré-aquecimento e teoricamente todos os pintos terão eclodido após 504 horas de incubação. Uma olhada pela janela pode indicar se os pintos estão prontos para o saque, especialmente por causa da atividade, pintos bem secos se movimentam com a incidência da luz. Contudo, 8-10 horas adicionais são necessárias para secar os pintos. Quando os pintos são sacados muito cedo, aqueles que ainda estão úmidos podem facilmente passar frio – e isto pode contribuir para o aumento da mortalidade na granja.

Na manhã seguinte, eu levantei cedo para estar presente ao saque ás 3 horas da madrugada. Na abertura dos nascedouros, eu observei diversas bandejas e notei uma média de 20-30 pintos que ainda estavam com aparência de úmidos, indicando que alguns deles haviam eclodido há apenas algumas horas antes.

Eu não podia fazer muito mais naquele momento além de pedir ao gerente do incubatório para atrasar o saque por pelo menos 4 horas, para dar aqueles pintos a chance de  secarem. Na sala de nascimento ao lado, os pintos deveriam  esperar por um dia inteiro e aqui – como uma medida de emergência – nós aumentamos os set points de 3,70C para 36,90C: um aumento de 0,4-0,50F.  Ao mesmo tempo, nós concordamos que aqueles pintos deveriam ser sacados 3 horas depois. Mais tempo não era possível, devido à logística e plano de trabalho. Assim mesmo, este nascimento gerou 2% amais de pintos vendáveis – e após um dia na granja de frango, a mortalidade ficou ao redor de 0,13% em um galpão e 0,26% no outro galpão. Esta foi uma melhoria significativa! Contudo eu ainda sentia que a barriga dos pintos estava um tanto cheia, o que continuava a indicar insuficiente perda de umidade.

O gerente do incubatório aceitou que as incubadoras deveriam ser carregadas mais cedo, e que seria feito um fine ajuste baseado nas observações durante saques consecutivos. A meta deveria ser a garantia de que 95% dos pintos estivessem secos com somente 5% dos pintos mostrando penas úmidas na área do pescoço. Ele também concordou em elevar a temperatura dos set points ao redor dos dias 7-10, já que as temperaturas de casca de ovos estavam mostrando um leve desvio  abaixo do ideal pelos registros do incubatório. O aumento dos set points, também iria ajudar, eu garanti para o gerente do incubatório, a aumentar a perda de umidade para reduzir a incidência de pintos balofos e umbigos mal cicatrizados.

Baseado na minha anterior experiência como gerente do incubatório de estágio único, ele estava agora confiante em ganhar pelo menos mais 5% de pintos na primeira semana na granja de frango de corte, parcialmente pela melhoria na eclodibilidade – e definitivamente pela redução do número de refugos e mortos.

Para  esta produção  de 12 milhões de pintos  por ano,  estes 5% equivalem a 12,000,000 x 5 % x € 0.25pintos = € 150,000 / ano. Cada 1% adicional no resultado irá produzir lá na frente um ganho de  € 30,000 –  e isto não está considerando os efeitos adicionais na melhoria da performance do frango de corte devido a um melhor começo de vida. Para cada ponto ganho em FCR, 22 gramas de ração é economizada por cada frango produzido: 12,000,000 x 22g = 264,000kg de ração economizada ao longo de toda a operação a cada ano. E com o  preço dos insumos para a ração continuando a subir, este é um importante fator, que não pode ser ignorado.

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Martin Barten, Especialista em Incubação Sênior