Baixa performance devido ao transporte!

01/01/2013

Durante uma recente viagem ao sul das Américas, eu visitei um incubatório que no geral estava atingindo bons resultados. Contudo, apesar da eclodibilidade estar bem dentro da média “normal”,  o gerente do incubatório não estava totalmente satisfeito com a performance – e durante a investigação, não foi difícil compreender o proquê.

Mesmo achando que o operacional estava dentro do que se considera como “normal”, a eclodibilidade estava na verdade variando bastante, superando o padrão e muito frequentemente havendo sobra de pintos – ou abaixo em algumas vezes – ocorrendo falta de pintos neste incubatório comercial.

As previsões eram baseadas na experiência do incubatório em trabalhar com um lote específico de matrizes, de acordo com a idade relatada e os resultados da análise dos ovos durante a ovoscopia para se basear e fazer o plano de entrega. 

A primeira vista, nós não podemos realmente ver onde o problema estava. O gerenciamento do incubatório aparentemente estava em boas mãos – e o programa de incubação, duração e condições climáticas também pareciam bem ajustados.

Mas após conversar com alguns funcionários do incubatório, o problema começou a aparecer. As maiores variações algumas vezes chegando a ficar  abaixo de 10% da previsão,  pareciam ocorrer em particular em incubações de ovos das  mesmas granjas de matrizes.

Os funcionários da planta me disseram que frequentemente eles já sabiam quais lotes de ovos iriam apresentar problemas de baixo resultado, baseado nos dados da ovoscopia. Uma análise de quebra de ovos era realizada como padrão em 5% dos ovos retirados na ovoscopia com 18 dias, e,  portanto indicava o estágio em que os embriões haviam morrido.

Na maioria das vezes, eles me informaram, muitos dos ovos dos “lotes ruins” pareciam ser férteis, pois eram encontrados embriões que morreram em um estágio muito precoce de desenvolvimento (<2 dias). Muitos dos embriões precocemente mortos podem apontar  para um problema crescente desde alto período de estocagem, condições não adequadas durante a manipulação ou estocagem, ou condições sob as quais os ovos incubáveis são transportados.

Como o incubatório normalmente não necessita estocar ovos, o gerente do incubatório me passou os seus registros das condições de transporte. Maior parte das 6-8 horas de viagem era feita durante a noite por caminhões sem ar condicionado ou qualquer outro controle climático. As condições da maioria das rodovias transitadas durante estas viagens eram razoavelmente boas nesta parte do país, segundo o que me disseram. Mas o clima criava um desafio. Enquanto a viagem ocorria durante a noite o ambiente frequentemente era mais fresco, apesar das temperaturas externas serem variáveis – e não era incomum ver temperaturas acima dos 250C durante a manhã, quando os caminhões chegavam ao incubatório.

Foi providenciado o registros de temperatura dos ovos desde a partida na granja de matrizes até a chegada no incubatório, e realização do registro das condições durante o transporte que não estava sendo feito. A temperatura dos ovos na chegada variava entre 18-230C , o que certamente é uma grande variação. Mas mesmo assim, isso não explicava totalmente a baixa eclodibilidade em certos lotes.

Investigações mais detalhadas revelaram que esta grande variação particularmente na temperatura ocorre em lotes de ovos produzidos em uma minoria das granjas de matrizes, todas localizadas na mesma região do país.

Estes ovos viajavam rigorosamente a mesma distância dos outros lotes, e da mesma forma – não existiam registros do transporte, nenhum registro de temperatura de ovos desde a saída da granja. As condições das estradas nesta região em particular eram realmente muito precárias: em alguns lugares, a estrada não estava pavimentada nem havia cascalho – e em particular , foi notado pelo meus colegas do incubatório que a entradas das granjas de matrizes  desta área estavam seguidamente esburacadas e desniveladas.

Ficou claro que, sem exceção, todos os lotes que apresentaram baixa eclodibilidade tinham um fator em comum: todos estes ovos haviam sido transportados pelo mesmo motorista. Antes, porém, nós também descobrimos que este motorista em particular era especialmente sociável – costumava visitar pessoas durante o trajeto, enquanto a sua preciosa carga – os ovos incubáveis – eram super aquecidos dentro do seu caminhão estacionado!

Ainda contra, eu fui lembrado como – quando procurávamos as razões da baixa performance em cada etapa – a resposta pode algumas vezes ser tão simples que pode ser facilmente ignorada. E este caso me lembrou de algo muito importante – e também frequentemente esquecido – os registros.

Existe um senso comum na produção de ovos incubáveis de alta qualidade – é muito fácil se perder a qualidade produzida, durante o transporte em condições inadequadas, em estradas precárias com atrasos desnecessários. A importância do transporte dos ovos não pode ser subestimada, especialmente em viagens mais longas.

As minhas recomendações focaram em se manter a temperatura entre 16-180C dentro do caminhão ou trailer durante o trânsito e devem-se prevenir variações abruptas de temperatura ou choques. É importante que se garanta que suficiente ar com temperatura controlada circule na  área da carga ao redor dos ovos.

Tanto a casca do ovo como o embrião são extremamente vulneráveis aos choques e vibrações. Utilizar caminhões com efetivo sistema de suspensão previne uma série de perdas causadas pelas agressões durante o transporte. E onde necessário, nós alertamos o nosso cliente a nivelar e pavimentar ou corrigir a superfície irregular nas áreas ao redor das granjas. Nós também aconselhamos que igualmente, o material de embalagem deve ser a prova de choque.

Conselhos posteriores incluíram registrar não somente a temperatura na saída e chegada – mas também durante o transporte. Na chegada,  a recomendação é deixar os ovos por pelo menos 12 horas descansando antes de iniciar o processo de incubação.

No negócio de incubatório, os motoristas de uma empresa são seus embaixadores. Os motoristas de caminhão devem entender a importância da qualidade quando transportam as suas preciosas cargas. Então nós sugerimos que o nosso cliente explique aos seus motoristas como que o trabalho deles afeta não somente o embrião, mas também o impacto que isto pode ter no sucesso dele e nas empresas dos clientes. Paradas extras ou atrasos não programados e não justificados durante cada viagem devem ser proibidos para o bem dos ovos.

Uma grande variação na eclodibilidade sempre tem uma causa primária! E como uma regra, ignorar tal variação – ou qualquer outra falha de performance – não irá melhorar os seus resultados.

Este motorista sociável  tinha que transportar os ovos de uma área remota a cada 4 semanas. Para visualizarmos o cálculo do impacto dos seus “atrasos não programados” , vamos assumir uma perda de 5% de eclodibilidade  devido a combinação das más rodovias, descuido na forma de dirigir e atrasos. O caminhão não ventilado que ele estava dirigindo tinha uma capacidade de 60.000 ovos. Nesta região da América do Sul, o preço dos pintos flutua ao redor dos $0,25,  o qual equivale a um custo de 13 x 0,05 x 60,000 x $0,25 =  um custo total para o seu negócio de  $ 9.750  a cada ano!

Neste caso particular, o gerente deste incubatório da América do sul decidiu iniciar com a medida menos cara: investir tempo no treinamento dos motoristas de caminhão da empresa, ensinando a eles a importância da susceptibilidade ao tempo no trabalho que eles fazem – e como o trabalho deles influencia os resultados da empresa. Com estas medidas colocadas em prática, a média da eclodibilidade dos lotes de matrizes localizadas nestas áreas remotas subiu cerca de 2% no mês seguinte – a  empresa agora está discutindo o investimento em veículos com ar condicionado.

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Martin Barten, Especialista em Incubação Sênior