Interpretando corretamente o “morto na casca”

Tag: Gerenciamento do incubatório | Artigo

Escrito por Gerd de Lange, 22/06/2013

Interpretando corretamente o “morto na casca”

Um alto percentual de “claros” é normalmente considerado como um problema de granja ou de manejo dos ovos, enquanto que uma alta taxa de mortalidade embrionária final é mais vista como sendo devido a uma falha do incubatório. É certo que condições de incubação inadequadas podem de fato serem responsáveis, contudo outros fatores não relacionados ao incubatório não devem ser esquecidos.

A determinação, registro e monitoria dos níveis de mortalidade embrionária final é uma boa prática – e pode ser valiosa para otimizar os resultados do incubatório.

Não é incomum o termo “Morto na Caca”, ou “NBM” ( Não Bicado Morto), ser usado ao invés de “mortalidade embrionária final”. Logicamente um morto na casca representa a mortalidade final. Mas a questão é: em qual momento durante a incubação termina a mortalidade embrionária média e inicia a mortalidade final?

Para evitar confusão sobre esta definição, especialmente quando se compara dados com outros incubatórios ou com consultores, é recomendado que o morto na casca, assim como a mortalidade tardia, sejam definidos como segue: “Todos os embriões que morrem após iniciar a retração do saco vitelínico para dentro da cavidade abdominal, portanto toda a mortalidade embrionária após aproximadamente o dia 17”. De acordo com essa definição, o morto na casca inclui todos os embriões que morreram após a transferência dos ovos das incubadoras para os nascedouros. Cabe lembrar aqui que os bicados vivos não estão incluídos nesta definição, já que esta taxa se eleva quando se inicia o saque dos pintos muito cedo, ou se tem uma janela de nascimento muito larga.

A determinação do verdadeiro índice de morto na casca pode ser problemática, já que a sua contagem precisa pode ser uma prática inviável. Em contraste com os “claros”, que são contados tanto eletronicamente por um equipamento automático de ovoscopia, como por uma simples contagem, utilizando uma simples mesa de ovoscopia ou uma lanterna para identificar os claros por bandeja analisada.

Portanto não é incomum calcular os mortos na casca baseados no número de ovos incubados, menos os claros removidos durante a ovoscopia, menos os pintos eclodidos. Contudo este método que é fácil e rápido, pode não fornececer o nível real e acurado de mortos na caca ou mortalidade embrionária final, como definido acima. Considere o seguinte exemplo simplificado, derivado de uma situação real:

De uma amostra de 100 ovos incubáveis, 15 ovos claros são removidos durante a ovoscopia. Os ovos restantes são transferidos para o nascedouro, e produziram 74 pintos de primeira classe e um pinto refugo. O gerente do incubatório irá calcular 100 – 15 – (74+1) = 10 mortos na casca, ou 10 por cento dos ovos incubados. Conforme a definição de morto na casca acima (ex. mortalidade após 17 dias), este índice é bastane alto e pode indicar a necessidade de consideráveis mudanças no incubatório. Contudo, realizando a quebra de ovos dos 10 ovos não eclodidos que sobraram na bandeja de nascimento após o saque dos pintos foram encontrados: 5 ovos claros (incluindo um infértil e outros com mortalidade próxima ao estágio do aparecimento do “olho negro”); uma mortalidade média e quatro embriões com mortalidade final, nos quais a retração do saco vitelínico realmente iniciou. Portanto na realidade, o número de morto na casca é de fato muito menor, somente de 4 por cento.

A partir deste exemplo, pode-se concluir que o índice de morto na casca deve ser interpretado com grande cuidado para evitar conclusões precipitadas ou incorretas.

Conselho

  • Identifique, registre e monitore o % de “mortos na casca” de uma forma regular em pelo menos seis bandejas de nascimento por lote.
  • Reconheça que o cálculo para o % de mortos na casca (ovos incubados – claros – pintos nascidos) pode não representar o verdadeiro percentual da mortalidade final.
  • Realize a quebra de ovos de todos os ovos não eclodidos (após a ovoscopia) de pelo menos seis bandejas por lote para determinar a verdadeira percentagem da mortalidade final.
  • Dê atenção a observações especiais durante a realização da quebra de ovos, tais como embriões secos, mau posicionamento / má formação, ovos podres e trincados e pintos atrasados (“bicados vivos”), pois estes dados fornecem informações relevantes para a otimização do gerenciamento do incubatório e para a realização dos finos ajustes dos parâmetros da incubação.
  • Tome ações corretivas se o % de mortalidade final exceder ao padrão do seu incubatório de acordo com a idade do lote.

Escrito por Gerd de Lange

Especialista Sênior em Aves

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